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Localizado no Bairro Alto do Parque em Lajeado, o Deutscher Kolonie Park foi inaugurado em 2002 por iniciativa do poder público. São edificações construídas por descendentes de imigrantes alemães no interior da região e que mais tarde foram reconstruídas nesse espaço de 20 mil metros quadrados. Embora passados 18 anos, o Parque Histórico, como é conhecido, ainda não atingiu o objetivo esperado em relação a presença de visitantes. Eventos atraem o público, porém, a ideia é oferecer atrativos para tenha visitação constantemente. Recentemente foi proposta parceria público privada para que empresas explorem as 24 edificações do espaço.

ENTREVISTA - Wolfgang Hans Collischonn


Bancário e professor aposentado, Wolfgang Hans Collischonn (86), natural de Marques de Souza e filho de imigrantes alemães, é um dos responsáveis pela implantação do Parque Histórico de Lajeado, o Deutscher Kolonie Park. Durante a pandemia, tem se dedicado à tradução de livros e textos escritos em alemão.


O Informativo do Vale - Qual a ideia da criação do parque?


Wolfgang Hans Collischonn - Sempre fui apaixonado pela história e pela cultura de meus antepassados, pois meus pais nasceram na Alemanha. Após minha aposentadoria, percebi que era o momento de fazer algo pela preservação dessa história, dessas pessoas que contribuíram para o desenvolvimento do Vale do Taquari. Foi aí que por volta de 1998 fui convidado pelo então secretário de Cultura e Turismo no governo da prefeita Carmen Regina Cardoso, Waldemar Richter, uma pessoa que sempre se preocupou em preservar nossa história, para realizar um inventário das casas construídas pelos imigrantes alemães no interior do município e que ainda estavam em pé. Na época, fiz o levantamento em Canudos do Vale e Forquetinha, que ainda eram distritos de Lajeado. Juntamente com Guinther Richter, iniciei um longo trabalho de pesquisa atrás dessas edificações no interior. A intenção era desmontá-las e reconstruí-las no local onde hoje é o parque histórico, o que acabou sendo feito.


O Informativo do Vale - Como foi a retirada as casas dos locais de origem?


Collischonn - Boa parte dessas construções estava quase em ruínas e não havia o interesse dos proprietários em mantê-las. Estavam condenadas a desaparecer, justamente essas construções que são vestígios de quem colonizou a região. Era uma herança arquitetônica trazida e deixada pelos imigrantes que utilizavam madeira, barro, às vezes tijolos, e que na Alemanha era comum. Alguns até falavam: "Me dá uns trocos e pode levar tudo, pois minha intenção é derrubá-la". E assim procedemos, desmanchando e trazendo para o local onde está o parque, que na ocasião era utilizado para a prática de esportes envolvendo motos. Foram mais de 140 casas catalogadas o que resultou também na publicação de um livro sobre a arquitetura enxaimel, abordando casas, paióis e cozinhas.


O Informativo do Vale - Como foi a estruturação do Parque Histórico?


Collischonn - Desde o início não foi fácil esse trabalho. Solicitávamos auxílio para implantação e manutenção, porém sempre foi complicado. Atuei durante cinco anos como presidente da Associação dos Amigos do Parque, mas não me sentia à vontade e percebia que, talvez por ser um cargo voluntário, estaria tirando a função de alguém. Até um monumento que construímos no parque, homenageando os colonizadores, tive que pagar do meu bolso, para não ficar mal com o escultor. Depois fui reembolsado, mas após ouvir coisas do tipo: "De novo os alemães gastando dinheiro com essas bobagens do passado." Enquanto isso, o município de Bento Gonçalves construía um monumento em homenagem aos 135 anos da colonização italiana e oferecendo como produto turístico. Essa é a mentalidade do pessoal da Serra. Outra situação: não conseguíamos verbas através de projetos do Governo Federal, porque alegavam que as construções deveriam ter permanecido no interior. E daí pergunto: Quem irá visitar uma casa isolada no interior? Já na Europa, esses tipos de parques históricos recebem incentivo dos governos. Houve até uma convenção em Genebra que aprovou essa ideia. Já, por aqui, parece que é só mesquinharia.


O Informativo do Vale - O que o senhor espera do futuro do local?


Collischonn - Diversas iniciativas já ocorreram para a preservação e funcionamento do parque. Eu só espero que Lajeado possa ser reconhecida como uma cidade que preservou parte de sua história pioneira.



Reportagem: ALÍCIO DE ASSUNÇÃO 

Créditos imagens: Lidiane Mallmann 

Fonte: Portal informativo do Vale

Consulta: Portal Brasil Alemanha 


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